sábado, 31 de julho de 2010

Silêncio e Luz

Abriremos o blog com um poema de Jayme Caetano Braun.

SILÊNCIO E LUZ

Jayme Caetano Braun


Silêncio de vento frio,
murmúrios de pasto e lua,
a estrela grande chirua
tem fogonear de pavio;
há soluços de arrepio
quando a noite fica branca
e a luz se torna barranca
pra ouvir o choro do rio!


O homem nasce de um grito
e a morte é tão silenciosa
na passagem misteriosa
que apaga o nosso infinito;
por isso é que - despacito,
quando a luz se vai embora,
a alma se auto-devora,
sem saber que estava escrito!


O silêncio é a luz maus pura
no mundo onde me deparo
e a luz é o silêncio claro
na estrada de quem procura;
a escuridão é a loucura
na cancha larga da mente,
apagando a luz latente
dos olhos da criatura!


No silêncio eternidade
está o mistério da vida,
com chegada e com partida,
dois extremos da saudade;
no tempo - sem mocidade,
a luz é a sombra vencida
e a sombra é a luz escondida
que um dia foi claridade!


Talvez daí - porque o ruído
que a gente pensa que ouviu
naquele choro do rio,
seja o silêncio invertido
e aquele arrepio sentido
em nosso subconsciente,
- a luz da razão da gente,
buscando o elo perdido!


Mesmo arrastando uma cruz,
na estrada do tempo imenso,
entre os ruídos de silêncio
que a natureza produz,
a mim - o que me seduz,
é o bordonear da milonga
e - ao invés da vida longa,
restos de silêncio e luz!

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